Juvêncio avalia que, ao perseguir, a SSP dá munição a oposição, enquanto o governador lava as mãos
Juvêncio: oposição está dentro do governo
O vereador Juvêncio Oliveira (DEM) cita o sargento Vieira, o delegado Paulo Márcio, o ex-secretário da Fazenda, Nilson Lima, e o vice-governador Belivaldo Chagas (PSB), entre outros, para assegurar que o governo Marcelo Déda (PT) vai entrar para a história de Sergipe como uma gestão pautada na perseguição e na traição. "Vieira, Paulo Márcio, Nílson Lima, Belivaldo e outros exemplificam o modo petista de perseguir. De trair", lamentou. "Acho isso injusto. Não foi este o governo e nem é este o governante que o povo de Sergipe esperava. Resultado de tudo isso: o governador com esse agrupamento tamanho família, com a PMA, com o compadre Lula não consegue se distanciar nas pesquisas do ex-governador João Alves - a maior distância foram cinco pontos. Frente um homem que não vive na mídia, e a única coisa que faz é comer galinha de capoeira com os amigos, além de um tênis para andar e a lembrança de suas obras", completou Juvêncio.
Segundo Juvêncio Oliveira, o governador Marcelo Déda talvez não esteja percebendo, mas há uma distância muito grande entre aquilo que foi prometido na campanha de 2006 e o que se vê hoje no seu governo. O vereador avalia que a mudança se deu apenas no comportamento do próprio governador frente ao trabalhador. "Aquilo que ele combatia nas ruas, hoje faz ou permite que seja feito no seu governo com a maior facilidade do mundo. E a perseguição é uma marca deste governo", observa. Para o parlamentar, os sergipanos estão atentos às perseguições, e, por certo, não aprovam essa mudança de comportamento do governador.
"O tempo é o dono da razão. Quantos não se lembram quando o ex-governador João Alves colocou aqueles militares na reserva (que a turma disse que colocou o pijama e os mandou para casa), entre eles o Lima Alves e o cel Carlos Augusto? E o governador Marcelo Déda, no seu primeiro dia de governo, abraçou estes militares e deu-lhes o melhor. Errou? Não. Fez o seu papel como representante do PT. Do trabalhador. Mas o tempo passa. Hoje, das muitas mudanças prometidas, só mesmo ele mudou. Seu governo acaba de deter o sargento Vieira por conta das cobranças feitas ao ‘desgoverno' Marcelo Déda. Preso por lutar pela melhoria da classe, e o líder do PT lava as mãos? Quem foi o maior professor dessas lutas? Marcelo Déda. Vejam a incoerência", observou.
Juvêncio salientou ainda que no mesmo governo, médicos do Hospital de Urgência governador João Alves Filho foram parar na Delegacia Plantonista. "Perseguição? Lógico. Perseguição de um governo do PT. Hoje se você colocar PT (Partido dos Trabalhadores) e PT (Perseguição aos Trabalhadores) é tudo a mesma coisa. Saindo dessas questões, chegamos a questão Paulo Márcio (delegado que denunciou estar sendo perseguido dentro da SSP): um homem que ajudou a construir o projeto de segurança deste governo (filiado ao PT na época, Paulo Márcio participou do governo de transição e foi o primeiro superintendente do governo Déda), hoje é perseguido, jogando por terra mais uma promessa de campanha: um governo em defesa dos direitos humanos. E o que o governador faz? Mais um processo de Poncio Pilatos. As mãos lavadas pelo governador Marcelo Déda deixam que Paulo Márcio seja entregue à própria sorte. ‘Vá buscar sua defesa. Se vire'. É assim", disse Juvêncio.
Segundo Juvêncio Oliveira, levando em consideração a contribuição do delegado Paulo Márcio para o atual governo, ao persegui-lo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública joga contra o próprio governador, e dá munição à oposição. "Eu estaria aqui, hoje, falando isso se não me fosse dada essa brecha pelo próprio governo? Eu acho que os maiores opositores estão lá dentro. Fazem parte do próprio governo. À medida que você persegue um jovem e competente delegado como Paulo Márcio, tentando cortar seus espaços, o sargento Vieira, persegue médicos, Nílson Lima, você mostra que a oposição é mais forte dentro do próprio governo", avalia Juvêncio.
Nìlson Lima
Juvêncio observou ainda que o ex-secretário da Fazenda Nílson Lima foi um dos maiores injustiçados do governo Marcelo Déda. "Foi um homem que, quando secretário de Finanças da Prefeitura de Aracaju, ajustou as finanças, eu reconheço isso, que não lhe deu crescimento, mas ao próprio governador Marcelo Déda. Nílson foi para a Secretaria da Fazenda, e o próprio governador Marcelo Déda dizia de público da competência de Nílson para que o Estado tivesse muito dinheiro no cofre. Estava dando avanço ao governo. Mas, por um simples desagrado, aquela questão do Sebrae, Nílson foi jogado as traças. Chegando ao ponto de o governador Marcelo Déda esquecer que eles eram amigos pessoais. Ninguém descorda que Nílson tem reputação ilibada, mas até isso o governador desprezou", observou Juvêncio.
De acordo com Juvêncio, isso levou o governador Marcelo Déda a ficar em uma situação de desconforto frente ao seu ex-secretário da Fazenda. "É uma situação muito desconfortável. E eu não sei até que ponto vale a pena para qualquer ser humano trocar uma amizade pura, verdadeira, por qualquer cargo político, seja ele qual for. Ainda que de governador. Não sei até que ponto vale à pena. Amizade vale mais. Mas, infelizmente, o governador Marcelo Déda, em alguns momentos, tem demonstrado que a política excede até as suas melhores amizades. Todos costumam dizer: ‘é melhor ter amigo que dinheiro no bolso'. E o reflexo das pesquisas mostra que a ficha está caindo. As pessoas estão conhecendo o governador", acredita.
O vereador do DEM lembrou ainda que o ex-superintendente da Polícia Federal em Sergipe, Kércio Pinto, primeiro secretário de Segurança Pública do governo Déda, não teve a estrutura necessária para colocar seu projeto em prática. "Todos nós sabemos da competência deste homem. E disse-lhe aqui na Câmara: se o governador não lhe garantir estrutura, você vai morrer na praia. Morreu. Saiu esquecido e não lhe deram nem tchau. E sai deste caso, você entra em outro como este de Paulo Márcio: mais um esquecido", salientou.
Juvêncio observou ainda a saída do vice-governador Belivaldo Chagas da chapa que tentará a reeleição do governador Marcelo Déda. "Este caso tem uma pontinha de chateação. Todos sabemos que, quando da ida do governador ao hospital, ele chamou duas pessoas e conversou ao pé do ouvido: pediu que tomassem rédea, pois não sabia da sua condição de saúde. E ambos foram fies. E está aí o resultado: Belivaldo rifado da chapa e acomodado na Secretaria de Educação. O PSB perdeu. Valadares já era senador. O que foi dado a época, a vaga de Belivaldo, foi tirada", avalia.
Segundo Juvêncio Oliveira, "parece que o governador não tem sensibilidade para lidar com essas coisas, e isso tem assustado o povo sergipano. O eleitorado. E a prova está aí: não consegue evoluir. Um homem com tanta força nas mãos, tantos recursos, mas não consegue evoluir. Avançar". O vereador entende que não há mais como o grupo do governador evoluir. "O grupo é este mesmo. Vai evoluir o quê? Não tem mais o que inaugurar e só conseguiu avançar cinco pontos à frente de João. Existe uma dificuldade que precisa ser analisada. E isso preocupa o governador. Colegas, que são aliados do governador Marcelo Déda, comentam que um dos seus maiores medos é que a eleição tenha segundo turno. E isso é real. Temos pesquisas que nos mostram isso", garante. "A perseguição tem seu preço."
Fonte: Universo Político (Joedson Telles)


