Divisão do rancho: é segregação?
Vez por outra algum militar aparece para se queixar do fato de existirem ranchos separados, seja meramente entre praças e oficiais ou mais ainda, como existe em alguns quartéis: um de praças, outro de praças especiais, outro para oficiais subalternos e intermediários, além do de oficiais superiores, cada um em um ambiente diferente… Isso é discriminação, preconceito? Não.
Naturalmente, há de se supor que um sargento tenha muito mais assuntos em comum com outro graduado do que com um oficial superior. Possivelmente um aluno em curso de formação se sentirá bem mais à vontade estando em meio aos seus colegas do que diante do comando da unidade. É algo que existe em ambientes de trabalho particulares, na obra certamente o pedreiro se alimenta separado do engenheiro, na indústria os operários e os patrões instintivamente podem estar em locais distintos na hora de comer.
O que não parece tão coerente é a possibilidade de serem servidos alimentos de diferente qualidade conforme o nível hierárquico, há de se supor que todos sejam merecedores dos melhores pratos possíveis. Talvez um ou outro conforto que não seja possível oferecer à totalidade, como cadeiras de melhor qualidade, ventilação mais adequada ou decoração requintada, possa ser concebido como privilégio de quantos seja possível contemplar, mas servir sempre iguarias distintas é no mínimo discutível.
Notável evolução no sentido de se fazer justiça nesse âmbito é, diante da atual conjuntura de ausência de rancho nas unidades, destinar a cada policial militar, independente de posto ou graduação, exatamente a mesma quantia mensal destinada ao custeio da alimentação durante o serviço, já que o preço a ser pago não difere em relação ao posto ou graduação que se ocupa.
Com base nos argumentos ligeiramente apontados acima, deduz-se que, respeitadas as condições expostas, parece ser extremamente comum que o horário de almoço ou qualquer outra refeição seja compartilhado com aqueles que mais se tem proximidade no ambiente de trabalho, criando uma aura mais íntima e espontânea em uma hora sagrada.

