COMANDANTE ALEGA DESCONHECER DENÚNCIA SOBRE MULHERES PMs.

05/11/2010 17:49

 

 

 
Coronel Pedroso afirmou que não leu nenhuma reportagem sobre o caso

 
O comandante geral da Polícia Militar de Sergipe, coronel José Carlos Pedroso, disse, ontem, que desconhece as denúncias de que as policiais femininas da corporação estão sofrendo constrangimentos por parte de alguns membros da instituição. Embora a notícia tenha sido amplamente divulgada, tanto em jornais impressos como na internet, coronel Pedroso afirmou que ainda não havia lido nenhuma reportagem. “Pedi a PM 5 (setor de Comunicação Social) que apurasse o fato e me passasse informações”, afirmou. Já o gestor da Caixa Beneficente da PM, sargento Jorge Vieira, defendeu a necessidade de as PMs femininas denunciarem os abusos para que as providências sejam tomadas.

 
“Não me aprofundei nesse assunto. Se tem algum tipo de problema, as policiais devem denunciar aos seus superiores. Pode ser algo pontual”, afirmou coronel Pedroso, ao se referir às denúncias de que a militares sofrem constrangimentos e humilhações. Algumas policiais narraram, na condição de anonimato, que foram impedidas até de fazer xixi, porque o superior hierárquico não permitiu. Resultado: a militar fez xixi nas calças. Outra, foi aprovada no concurso e, no exame médico, teve que ficar nua na frente de seis homens, porque não lhe foi informado que precisaria estar vestida com uma roupa adequada. “Ficamos de calcinha até para o exame oftalmológico”, denunciou uma policial.

 
Já o promotor de Justiça, Jarbas Adelino, da Auditoria Militar, afirmou que “nunca chegou à Promotoria nenhuma denúncia deste tipo”. Ele disse que não pode determinar a abertura de um IPM (Inquérito Policial Militar) porque as denúncias são apócrifas. Ou seja, as militares fizeram a denúncia sob a condição do anonimato. “E o jornalista tem o direito de preservar o sigilo da fonte”, completou. “As policiais passaram num concurso público, são mulheres independentes e deviam fazer as denúncias na Auditoria Militar”, frisou Jarbas.

 
Ele comentou que a Caixa Beneficente da PM vem sendo “paladina da moral e dos bons costumes”, tem, ultimamente, ganhado notoriedade, mas deveria estar, “junto a essa promotoria relatando situações como essa. Com os nomes, e as denúncias formais, pode-se tomar providências”, assegurou.

 
O gestor da Caixa Beneficente da PM, sargento Jorge Vieira, afirmou, por sua vez, que se for procurado pela direção da recém criada Associação Integrada de Mulheres da Segurança Pública em Sergipe (Asimusep-se) tomará as providências. Questionado se a Caixa poderia ter a iniciativa de procurar a Asimusep, Vieira disse que essa também é uma possibilidade. Para Vieira, estes casos de humilhações não é feita pela maioria dos militares. “A grande maioria da PM é formada por homens honrados, de soldados a oficiais. Esse tipo de conduta deve ser de uns poucos e é preciso ser denunciado”, frisou.

 
Narrativas

 
As denúncias das policiais femininas foram postadas, ontem, no blog da Caixa Beneficente (https://absmse.blogspot.com) e narra diversos constrangimentos e humilhações sofridas pelas mulheres. Um deles diz o seguinte: “SD PFEM PM- Nas eleições do ano de 2006 fui designada para reforço do DPM em uma cidade do interior, fazia muito calor e todos, homens e mulheres, estávamos sem a gandola, ficando com a camisa branca, por notarmos os olhares constrangedores de um cabo da delegacia em direção aos nossos seios, eu e uma colega decidimos recolocar a gandola, mesmo sendo insuportável o calor na ocasião, quando foi discutido onde dormiríamos, pois na delegacia não dispunha de alojamento feminino, informamos que o diretor da escola havia nos disponibilizado a sala dos professores para nós ficarmos com maior privacidade. Neste instante, o mesmo cabo acima citado discordou alegando que todos deveriam dividir o único alojamento que havia na delegacia, os superiores que estavam no local notaram o acontecimento, mas não se manifestaram”.

 
Em outra, a policial conta o seguinte: “A corporação não dispõe de alojamentos adequados para as policiais, e os policiais masculinos não respeitam as poucas instalações existentes, no início deste ano, março eu acho, estava trocando de roupa no banheiro feminino do QCG quando adentrou um sargento. Sem ao menos bater surpreendendo-me já tirando a roupa, o banheiro é bem sinalizado informando que é feminino, não havendo justificativa para tal acontecimento, comuniquei ao tenente do meu setor e ele disse que devia ter sido engano, que eu deixasse para lá”.

 
Fonte: Jornal da Cidade