ATRASO NO PAGAMENTO DAS GRATIFICAÇÕES PODE DEIXAR PRÉ-CAJU SEM SEGURANÇA
Com a aproximação da maior festa pré-carnavalesca do País, o pré-caju, os policiais militares revoltados com a falta de pagamento das gratificações, dizem que podem não trabalhar durante os festejos. Segundo os gestores da Associação Beneficente dos Servidores Militares de Sergipe (ABSMSE), vários policiais tem procurado a entidade para reclamar do atraso nos pagamentos da Grae e ameaçam nao trabalhar caso a situação não seja resolvida.
Um desses casos aconteceu com um sargento que, no dia 16 de dezembro de 2010, às 16:12:23, retirou o seu contra-cheque e nele aparecia o pagamento de uma Gratificação Por Atuação em Eventos – GRAE – no valor de R$ 653,65 e outra no valor de R$ 130,73 (referentes ao São João no mês de julho de 2010).
O sargento, que deveria receber R$ 3.113,85, já que constava em seu contra-cheque, teve uma desagradável surpresa no dia 29 de dezembro de 2010, às 13:33:18, quando recebeu o contra-cheque e nele já não constava mais os pagamentos das GRAEs. O seu contra-cheque mostrava que ele receberia R$ 2.597,59.
A situação vivida por esse sargento, não é exclusividade sua. Todos os PMs, de oficiais a praças que trabalharam no São João de Canindé do São Francisco (em 2010), ainda não receberam a gratificação, (GRAE).
Isso acabou por deixar o policial contrariado e, em contato com a ABSMSE, disse não ter mais interesse em trabalhar nos eventos no estado. Segundo ele, “não posso trabalhar e receber um ano depois”.
Para os gestores da ABSMSE, sargentos Edgard Menezes e Jorge Vieira, a solução seria a definição da carga horária da Policia Militar e dos Bombeiros Militares. “Nós somos contra o pagamento dessas gratificações, pois consideramos essas gratificações como se fosse um câncer, que veio para impedir a nossa tão sonhada carga horária definida. O que nós precisamos é que se defina de uma vez por toda a nossa carga horária, pois ai resolveremos a situação já que os PMs não agüentam mais uma escala de serviço que massacra o policial, que escraviza, já que por trás das fardas existe um conteúdo chamado cidadão, pai de familia e ser humano, chamado Policial ou Bombeiro Militar”, explicou Vieira.
Alem de ser o desejo da maioria dos policiais que se defina a carga horária, há ainda a reclamação de que há perseguição dentro da corporação. Há ainda informação de que oficiais da PM, são “donos de empresas de segurança”.
A situação é complicada e pode deixar a população sem segurança no pré-caju. Isso é o que mostra o desabafo feito por um policial, através de uma postagem no orkut, em uma comunidade da policia militar.
Veja o que diz o desabafo e o desespero do PM:
“Quanto mais gritamos, com mais força os...
Quanto mais gritamos, com mais força os poderes tapam os ouvidos
Tenho observado perplexo o que o poder é capaz de fazer com um homem e pior, o que um homem é capaz de fazer com o poder, não companheiros, não estou me referindo ao governador Marcelo Deda, deste nada me surpreende, não que ele seja a pior pessoa do mundo, simplesmente nunca me iludi, nunca esperei nada grandioso vindo de um político, mesmo achando que existem muitos corretos, pessoas preocupadas com o bem comum, serão sempre políticos (perdoem minha descrença, não pretendo aqui ser preconceituoso, nós policiais sabemos bem o que é isso).
O problema maior está dentro da nossa corporação, de um lado quem finge que comanda só sabe punir e do outro quem comanda de verdade só faz apertar a tropa, enquanto isso a tropa fica entre dois carrascos, um segura e o outro bate. E aí, quem poderá nos ajudar? O ministério público? O judiciário? Não, hoje acredito muito mais no Chapolim Colorado. Esses dois órgãos tornaram-se piada, há algum tempo cheguei a acreditar na boa fé do juiz e promotor militares, na minha inocência pensei que era apenas mais um caso de incompetência, nunca achei que fosse dizer isso mas torci com todas as forças pela incompetência, porém o caso é muito mais grave! A situação chega a ser desesperadora, a vontade é gritar bem alto: TAKIPARIU?
É impressionante a enxurrada de denuncias baseadas em provas concretas contra o comando geral, comandante do CPMC, CPMI, sub-comandante e companhia, mas nada acontece! Nos fazem de idiotas, eles não estão nem mesmo preocupados em esconder os infinitos casos vergonhosos que aparecem a cada dia, sabem que não é preciso esconder nada. TÁ TUDO DOMINADO! Acredito que nem na época de Sergipe Del Rey era assim, certamente eles rolam no chão de tanto rir, se esbaldando em whisky, fazendo chacota não apenas com nós policiais mas com toda a sociedade sergipana que clama por segurança.
Como sempre acontece, nós policiais militares estamos sempre preparados para trabalhar enquanto os cidadãos de verdade se divertem, dentre várias das nossas atribuições, uma é dar tranquilidade às festas onde há grande número de pessoas. Como Sergipe é o país do forró, já nos preparamos piscicologicamente para o mês de junho, sabemos que nessa época perdemos totalmente o direito de desfrutar de momentos de lazer com nossas famílias, muitos de nós trabalhamos todos os dias, uma carga de trabalho que jamais seria aceita por qualquer outra categoria do funcionalismo público. Mas até que ponto devemos aceitar? Até que ponto aguentamos? Deixamos de ser seres humanos nessa época para nos transformarmos mais do que nunca em máquinas de trabalhar? Já nos tiram tantos direitos, é aceitável que tirem também o direito de ser gente? De se cansar? De precisar descansar para poder ser usado mais uma vez?
Como se n bastasse, Sergipe também quer ser o país do axé! Pré-caju se aproxima e os biqueiros oficiais superiores estão de sorriso largo, chegam a morder as orelhas, é época de encherem os bolsos as custas das suas empresas de segurança ou até mesmo aproveitando-se do serviço público fardado (sim, os barnabés também são usados como mão de obra barata).
Há poucos dias, mais uma vez tive outra desagradável surpresa, já poderia estar acostumado, mas isso não farei jamais. As escalas para os militares do BPChoque referentes ao pré-caju dão conta de que todos os policiais da unidade terão obrigatoriamente que trabalhar os quatro dias de festa. escala de trabalho normal para uma máquina, não para um ser humano (mesmo que seja um PM!), a pessoa (desculpe, pessoa n, militar) que estiver de serviço ordinário na sexta-feira por exemplo, terá que trabalhar na quinta a noite inteira, na manha da sexta-feira devera estar pronto para o serviço de 24 horas que na parte da noite será direcionado para a festa, sairá de serviço no sábado pela manha e deverá se apresentar sábado às 18h para mais uma noite de trabalho escravo, retorna para casa no domingo pela manha e mais uma vez retorna para o quartel às 17h para seu ultimo dia de pré-caju sem que fosse voluntário, a gratificação por eventos (que é um valor ínfimo) só é paga 2, 3 meses depois e olhe lá.
Não sou contra o “Sergipe forró de paz e amor” ou “Pré-Caju todo mundo ama” mas não é admissível que para isso imponham um esforço sobre-humano aos policias, nossa missão já é por se só desgastante não só fisicamente mas em todos os sentidos. De tanto apertar um dia esse parafuso vai luir e a máquina pode explodir, a sociedade não merece mas será a mais prejudicada com tudo isso”.
O policial não teve sua identidade revelada, a pedido do mesmo com medo de represálias.
Munir Darrage

